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O futuro dos seguros de automóveis na era da mobilidade autônoma

A transformação da mobilidade pessoal está em pleno andamento, impulsionada pelo rápido avanço dos veículos autônomos (AVs), elétricos (EVs) e soluções de mobilidade compartilhada. À medida que essa revolução avança, o setor de seguros automotivos enfrenta desafios sem precedentes. O modelo tradicional de seguro automotivo está prestes a mudar drasticamente, com novas abordagens em precificação, distribuição e gestão de sinistros. Na ITC Vegas 2023, a McKinsey reuniu um grupo de 20 líderes da área dos seguros para discutir o futuro desse mercado.

Pontos-chave (Key Insights):

  • Veículos autônomos e elétricos exigem novos modelos de seguro: A chegada dos AVs e EVs cria desafios e oportunidades para as seguradoras, que precisarão adaptar seus produtos e modelos de avaliação de risco à nova realidade.
  • As fabricantes de automóveis estão cada vez mais envolvidas no mercado de seguros: Com o aumento dos dados gerados pelos veículos, as fabricantes têm a oportunidade de se tornarem atores importantes no setor de seguros.
  • A importância da inovação e parcerias no setor de seguros: As seguradoras que desejam prosperar na nova era da mobilidade precisarão investir em inovação tecnológica, desenvolver produtos adaptados a novas realidades e formar parcerias estratégicas.

O impacto da transformação tecnológica no seguro automóvel

O setor de seguros automotivos está diante de uma encruzilhada. Com o crescimento das tecnologias emergentes, como veículos autônomos (AVs) e elétricos (EVs), o modo como os seguros são avaliados, precificados e distribuídos terá que mudar drasticamente. Os veículos que estão a caminho de dominar o mercado, cada vez mais definidos por software, trarão complexidades significativas para as seguradoras, especialmente no que diz respeito à avaliação de riscos, sinistros e reparos.

A consultoria McKinsey aproveitou a maior conferência mundial de seguradoras para debater as tendências do setor – e concluiu que há muitos aspectos a serem esclarecidos. Os fabricantes mais otimistas, por exemplo, “esperam que, até 2030, aproximadamente metade dos novos veículos sejam elétricos, quase todos os novos veículos estejam conectados, e alguns (talvez um em seis) tenham capacidades autônomas de nível 3 ou superiores — como dirigir sem supervisão humana constante”. Mas a maior parte das montadoras entende que, por agora, o mercado não quer prescindir totalmente do condutor.

Mesmo assim, a questão vai aparecer, mais cedo ou mais tarde: quando um carro se dirige sozinho, mesmo que parcialmente, quem é responsável em caso de acidente? O condutor ou o software? Este problema impõe às seguradoras a necessidade de desenvolver novos produtos que considerem “as implicações da confiabilidade do software, o potencial de falhas no sistema e a mudança no comportamento dos motoristas em resposta às tecnologias autônomas”, referem os autores.

Tanguy Catlin, Ani Kelkar, Doug McElhaney (todos sócios da McKinsey) e Dimitris Paterakis (consultor), lembram que também nos elétricos há fatores a considerar: com manutenção e custos de reparo mais elevados (especialmente por conta dos componentes eletrônicos e baterias), exigirão igualmente uma recalibração dos modelos de seguros. As seguradoras precisarão incorporar em suas apólices as especificidades dos EVs, desde a vida útil da bateria até o custo elevado de substituições e manutenções.

Recursos como ADAS (Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor) e IA (Inteligência Artificial) prometem aumentar a segurança nas estradas, mas também impõem novos desafios em termos de precificação de seguros: “as seguradoras que construírem uma compreensão mais profunda da eficácia dos diferentes recursos de segurança e de seu impacto no comportamento dos motoristas serão, inevitavelmente, aquelas capazes de precificar e selecionar os riscos corretos”, na opinião da McKinsey.

A ascensão dos fabricantes de automóveis no setor de seguros

Com os veículos gerando uma quantidade massiva de dados, as montadoras estão cada vez mais se posicionando como players relevantes no mercado de seguros. Esses fabricantes têm acesso direto a informações valiosas sobre o comportamento de seus veículos, o que lhes dá uma vantagem competitiva na avaliação de risco e na oferta de seguros personalizados.

Alguns estão formando parcerias com seguradoras tradicionais para oferecer seguros embutidos no ponto de venda dos veículos, enquanto outros estão considerando a criação de suas próprias seguradoras. Por essa razão, “as seguradoras podem precisar considerar as implicações dos fabricantes possivelmente tratarem os dados dos veículos como um ativo competitivo, afetando o compartilhamento e a utilização de dados — e abrindo novas oportunidades de colaboração com seguradoras tradicionais”, resumem os peritos ouvidos pela consultoria em Las Vegas.

Com os avanços tecnológicos, as fabricantes podem aplicar atualizações no veículo depois da compra, impactando diretamente na segurança. Isso cria um desafio para as seguradoras: como calcular o risco de um veículo que pode ter suas funcionalidades alteradas remotamente a qualquer momento?

Inovação e parcerias: os pilares do futuro

Diante de tantas mudanças, a inovação será essencial para que as seguradoras se mantenham competitivas. Isso inclui o uso de novas tecnologias, como telemetria avançada, para precificar seguros de maneira mais justa e precisa. Também será necessário investir em análise de dados e IA para entender melhor o comportamento dos motoristas e os padrões de risco, permitindo que as seguradoras ajustem seus modelos de precificação em tempo real.

A McKinsey identificou neste artigo um caminho para todos. Para as seguradoras:

  • Inovar em meio à mudança. Priorizar investimentos em dados e tecnologia.
  • Buscar parcerias para redefinir soluções de seguros.
  • Engajar-se com reguladores.


E para as montadoras e players de mobilidade:

  • Colaborar para um seguro integrado.
  • Maximizar o valor dos dados e construir parcerias.
  • Firmar parcerias em iniciativas de segurança.


A justificativa é simples: trabalhar de perto com os fabricantes de veículos permitirá às seguradoras acessar dados cruciais para a avaliação de risco e a personalização de apólices. Ao mesmo tempo, a colaboração com reguladores será essencial para garantir que os novos modelos de seguros estejam em conformidade com as normas em constante evolução e que protejam os consumidores sem sufocar a inovação.

Por fim, será fundamental educar os consumidores sobre as novas possibilidades de seguro automotivo. À medida que as tecnologias de veículos evoluem, os consumidores precisarão entender melhor as diferenças entre os produtos de seguro tradicionais e as novas opções que estarão disponíveis. Isso inclui seguros personalizados com base em dados de uso do veículo, seguros baseados em assinatura para veículos compartilhados e até mesmo coberturas específicas para falhas de software ou atualizações feitas após a compra.

Para ler o artigo original, clique aqui.